quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um palhaço merdoso

Pouco passava do meio-dia quando recebi uma chamada para me dar conta do rompimento das negociações referentes ao orçamento de estado.

Ao que parecia, o PSD retirava-se das negociações, por não haver a mínima intenção do governo em negociar coisa alguma.

Depois duma entrada de leão, com declarações do género "o estado não tem que ter negócios" e outras mais, Passos Coelho estava cada vez mais encurralado pela necessidade de ter de deixar passar orçamento e ficar irremediavelmente ligado ao mesmo. Alguém que ainda tinha algum capital de reserva por não ter estado ligado de forma evidente a anteriores governações, estava cada vez mais convencido que o iriam obrigar a mexer na merda. Ficaria a cheirar mal.

Penso que não terá outra hipótese. Agora, além de ir mexer na dita e ficar com as mãos sujas, fica também a demonstração de que a seriedade e rectidão já era. Estou perfeitamente convencido que o PSD irá viabilizar o orçamento, e sacou dum truque de circo apenas para convencer a trupe de que não terá nada a ver com o que for aprovado e com as necessárias consequências.

Isto é política e não tem nada a ver com ciência, factos, lógica ou razão. É um circo, e tem a ver com a forma como se consegue manobrar a imagem no imaginário duns tansos que dão pelo nome tribal de "portugueses". Esses que, chegada a hora, não saberão distinguir entre um homem convicto, um mal cheiroso frontal, ou um palhaço merdoso.

É claro que posso estar profundamente enganado. Afinal, até podem chumbar o orçamento. Todavia, continuo a acreditar mais em gráficos do que em políticos. Mais logo se saberá.

Mais vale um gráfico, que um político

Absolutamente nada de estranho: a realidade não pode ser alienada, nem pela maior fantasia ou pelo maior charlatão.

Acredito mais no gráfico do que nos políticos:

Ulisses Pereira, in Jornal de Negócios

Quando, há algumas semanas atrás, escrevi que caso o PSI quebrasse a sua resistência, seria o prenúncio de que o Orçamento de Estado seria aprovado
Quando, há algumas semanas atrás, escrevi que caso o PSI quebrasse a sua resistência, seria o prenúncio de que o Orçamento de Estado seria aprovado tive que ouvir alguns amigos meus dizerem que eu estava a ensandecer e que já não bastava fazer análises através de uns rabiscos nos gráficos quanto mais achar que o país era movido pelos gráficos. Há duas semanas atrás, o PSI quebrou mesmo a sua resistência e, a partir daí, na minha cabeça ficou claro que o Orçamento iria ser aprovado.

O mercado tem uma enorme capacidade de antecipação. A verdade é que - quase sempre - o grande capital não só conhece as decisões como tem capacidade para as influenciar. E, tal como escrevi há algumas semanas atrás, uma das razões pelas quais sou um grande defensor da análise técnica é que, ao contrário das pessoas, os gráficos não mentem. E, apesar da sua frieza, neles conseguimos perceber emoções, decisões, medo e ganância.

E foi curioso como, no meio deste turbilhão de declarações e indefinições políticas, em conversa com deputados do PSD (o partido que, verdadeiramente, decide a aprovação do Orçamento) eles me diziam estarem convencidos que não ia haver mesmo aprovação e que eu os contrariava, porque o gráfico da Bolsa portuguesa dizia claramente que sim.

Lembro-me sempre da dicotomia política versus economia quando ocorrem segundas e terceiras fases de privatizações. Nessa altura, questionam-me sempre se, antes dessas fases ocorrerem, não haverá tendência para o Governo tentar, de alguma forma, puxar pelo preço das cotações da empresa para poder vender a melhor preço. Quase sempre ocorre o contrário, o grande capital consegue pressionar em baixa as cotações para poder comprar mais barato. Raramente a política vence os fortes interesses económicos.

Mas olhemos para o gráfico. Quando há duas semanas atrás, o PSI quebrou a zona de resistência entre os 7500 e os 7600 pontos, o mercado português deu o sinal de compra de curto/médio prazo que há tanto tempo vinha referindo. O índice português tem a resistência mais forte apenas nos 8900 pontos, embora possa ter uma resistência mais ténue na zona dos 8300 pontos, último máximo relativo deste ano.

Naturalmente que, em termos de longo prazo, continuo a defender que só podemos decretar o "Bull Market" (como se isto dos mercados funcionasse por decreto…) em caso de ruptura da grande resistência dos 8900 pontos, a grande muralha do mercado português. Contudo, em termos de curto/médio prazo, enquanto o PSI se mantiver acima da resistência quebrada dos 7500/7600 pontos (novo suporte) os touros estão no controlo da situação.

Estranho mundo este em que acredito mais num gráfico do que na palavra de quem toma decisões. Estranho mundo este em que os banqueiros, no momento da tomada de decisão, visitam o partido da oposição. Mas este é o mundo real. O nosso. Aquele em que os políticos preferem fingir que negoceiam na praça pública em vez de se reunirem como no mundo real.

Se o Orçamento não for aprovado, terei que aturar os meus amigos a dizer que tinham razão. Nesta altura, pelas declarações dos políticos, tudo parece apontar para isso mas, como disse, acredito mais nos gráficos do que nas palavras dos políticos. E é por isso que sou daqueles que acha que vai mesmo haver Orçamento. Será desta que os gráficos me atraiçoam?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

OE: tapar os sintomas ou curar a doença?

Quando alguém está doente, o que deve fazer: baixar a febre e acabar com os sintomas, ou curar o que provoca os sintomas?



Via: O insurgente

sábado, 2 de outubro de 2010

Mercado vrs Estado (ou pseudo capitalismo)

45 minutos de documentário que certamente não passará em nenhuma televisão. Em metade duma partida de futebol poderás ficar a saber o que se passou, como se passou e porque se passou.

A conta que te apresentam tem responsáveis. E tão responsáveis são os que a criaram, como aqueles que berram para o lado errado porque "cego é aquele que não quer ver".

Liberdade, mercado, capitalismo... OU... estado, intervencionismo/proteccionismo, colectivismo. Não podes ter os dois e muito menos confundi-los. Escolhe.

Não podes sequer fingir que não sabes. Nem evitar uma escolha. A evasão duma escolha obriga a outra: que sejas um burro ou um pulha.

Abre os olhos! Vê:



Bom fim de semana