quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Pão e a Razão.

Reza o ditado que "Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".

Nesta caixa de desabafos que queremos que seja "O Pão e a Razão", iremos demonstrar que não é por falta de pão que se perde a razão mas o inverso: se falta o Pão, é porque algures a montante se abdicou da Razão.

Quando todos choram por pão (regra geral nos ombros do Estado) e tão poucos são os exemplos de coragem e determinação no combate à adversidade (uma característica intrínseca do Homem que parece perdida), há uma pergunta que nos assola a mente: "onde pára a Razão?"

A Razão é afinal aquilo que nos separa dos outros animais e que deu origem a grandes homens e a grandes periodos da nossa história. É a Razão que nos permite pensar, executar, construir e combater as adversidades e que faz de nós aquilo que devemos ser: Homens.

Todos os dias nos confrontamos com algo onde a gritante ausência de razoabilidade é escondida por gritos de dor, por catástrofes pré-anunciadas, por um espectáculo mediático montado à volta de emergências sociais e calamidades humanitárias. Os gritos de socorro ofuscam permanentemente as nossas mentes deixando-as reféns da necessidade e dos necessitados.

Diariamente, diante dos nossos olhos, um rol de desgraças é anunciado para justificar a distribuição de riqueza que não existe e que ninguém produz. Homens e mulheres são despidos da sua honra, da sua mente, da sua razão, e apresentados como meros autómatos incapazes de fazer qualquer coisa por si proprios e a necessitar urgentemente de ajuda (do Estado, claro!)

Há uma espécie de "seguro contra todos os riscos estatal" que cobre a incapacidade, a incompetência, o demérito e a mediocridade. Ecoa por todo o lado a boa nova de que tudo tem de ser dado a todos consoante a sua necessidade e para evitar sofrimento, quando é apenas e só sofrimento que se pede aos que pagam a factura.

A factura dessse seguro é enviada aos capazes, aos competentes, aos engenhosos, aos Homens que tiveram a ousadia de não abdicar da sua mente e que agora pagam por essa mesma ousadia.

A dádiva substituiu a recompensa; a incapacidade substituiu o mérito; a caridade substituiu a justiça; a necessidade substituiu a capacidade.

O grave, o irracional, é o facto de este ser um espectáculo que nos é apresentado como uma virtude. Como a última e derradeira celebração do humano. A celebração do Homem enquanto ser racional foi engolida pela celebração do Homem enquanto criatura precária e incapaz, entregue aos caprichos e às adversidades da vida.

N' "O Pão e a Razão" celebra-se-á a vida. Honrar-se-á a capacidade da mente humana para pensar, agir, construir e moldar o seu futuro e o seu destino.

N' "O Pão e a Razão" prestar-se-á homenagem aos ousados que não abdicaram das suas capacidades, da sua mente e da natureza humana. Dar-se-lhes-á alento para que não venham a perecer e para que não desistam, face às injustiças e ao sofrimento que lhes é infligido pelos arautos da "boa nova".

N "O pão e a Razão" difundir-se-á um código moral que reconheça o sucesso como uma virtude e que condene aqueles que o vêem como um pecado cuja redenção está em sustentar as incapacidades alheias.



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