terça-feira, 27 de janeiro de 2009

É por isto que existem off-shores.

Um dos mais altos magistrados da nação propôs hoje, na abertura do ano judicial, o inicio do fim da ilusão da propriedade privada: o fim do sigilo bancário e fiscal. O presidente do Supremo Tribunal de (in)Justiça (STJ) acha, portanto, que o príncipio deve ser o de todos saberem tudo sobre toda a gente. Todos menos os assuntos da governação e da justiça que devem, em nome do "interesse público", permanecer nas altas esferas dos detentores da luz.

No mesmo dia, no caso "Esmeralda" - que não me interessa para nada pois cada um é que sabe da sua vida - o advogado do progenitor profere, à saida duma sessão, qualquer coisa como "... nos interesses da lei ...". Sempre achei que a lei defendia os interesses do Homem. Fiquei a saber que afinal a senhora tem interesses próprios.

O Bastonário da Ordem dos Advogados (OA) nas suas declarações condenou o "fundamentalismo justiceiro do estado", criticou as "buscas em escritórios de advogados sem respeito pelas imunidades legais e constitucionais" e declarou haver "razões para suspeitar que algumas investigações visam, em simbiose com o jornalismo sensacionalista, conseguir a criação artificial do alarme social tão necessário à aplicação de severas condenações ou de desproporcionadas medidas de coacção". Constatei a sua rectidão de carácter, que continua a fazer com que seja o mais "mal amado" bastonário de que tenho memória. Nem pergunto porquê...

Num dia passado sob a cândida eminência do mais alto magistrado da nação que, perante tamanha normalidade, declarou ao país que "para uma justiça melhor, é necessário legislar melhor", fiquei a conhecer um pouco mais desta nossa... "comunidade".

Sr. Presidente: justiça é isso mesmo. Ou há ou não há. O conceito de melhor confesso que me escapa aqui aplicado. Se queria mesmo dizer me... dissesse me... nos. Retirava o artigo (que até é indefinido) e definia sensatez: "para justiça, é necessário legislar menos".

Mas, Sr. Presidente, com tanto alarme social e com o toldo estendido pela televisão que nos entra em casa, já estão todos prontos para desenhar na tela que lhe deram para segurar: correrão às nossas contas bancárias, aos escritórios dos nossos advogados, à casa da nossa mãe, à loja do nosso tio, à oficina do nosso amigo, à fábrica do nosso vizinho.

A religião é o estado, a esmola é a lei, e os senhores são todos uns santos. Um verdadeiro milagre seria conseguirem combater a crise, mas já ninguém se lembra que foram os senhores e a vossa escola que para aqui nos arrastaram.

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