Passado o ano, retomo a escrita destes apontamentos com uma breve nota (já que o tempo escasseia), para salientar algo que a maior parte do mundo, distraído com a recente maximização das catástrofes de longa data no Haiti, parece não notar: uma tragédia humanitária por decreto de um homem só.
Dia 8 de Janeiro, Hugo Chavez anunciou a desvalorização da moeda venezuelana em 50%, por decreto, com efeitos a partir de dia 11.
Dia 12 pela manhã, todos os venezuelanos acordaram com metade do poder de compra, já de si miserável, que tinham na véspera. Viram o produto do seu trabalho, os seus ordenados e/ou reformas e as suas poupanças reduzidas a metade por mera vontade e capricho de um bronco embriagado pela ilusão de poder.
Paralelamente, Chavez e a sua corte recebem agora o dobro do que recebiam pela venda do espólio.
Para tentar evitar o INEVITÁVEL, as empresas foram proibidas de aumentar os preços, o exército colocado de prevenção, tendo Chavez dirigido um sonante apelo a todos os parasitas: "denunciem as empresas que aumentarem os preços para que nós possamos ocupá-las e nacionalizá-las".
Interroguei-me, à luz de um imperioso juizo moral: "Que género de homem deseja viver num país destes?". Certo que não haveria ninguém, depressa me desiludi. Todos aqueles que acorreram a informar o governo das empresas que aumentaram os preços, desejosos da ocupação, na ânsia do saque e do trabalho honesto de outrem, todos esses parasitas e saqueadores não outro país onde se sintam tão bem.
Alguns poderão pensar que nós, aqui em Portugal, nada temos com isso. Os media nacionais assim parece, dada a relevância que prestaram ou prestam ao assunto. Uma nota apenas, hoje, na imprensa económica, é suficiente para demonstrar o contrário:
Falta de divisas na Venezuela está a dificultar o repatriamento de capitais de empresas portuguesas.In Diario Económico, 2010/01/22.
O embaixador português na Venezuela vai reunir na próxima semana com as autoridades de Caracas para tentar ultrapassar as dificuldades sentidas pelas empresas portuguesas no repatriamento de capitais. A informação foi confirmada ao Diário Económico pelo ministro da Economia, Vieira da Silva, que cumpre hoje o segundo dia de uma visita oficial à Venezuela.
"Para a semana está marcada uma reunião entre o embaixador português em Caracas e as autoridades venezuelanas para ultrapassar esta situação que afecta não apenas as empresas portuguesas, mas todas as multinacionais com actividade na Venezuela", disse Vieira da Silva em declarações ao Diário Económico a partir de Caracas
Curioso como o Ministro não se fez acompanhar dum batalhão de jornalistas e da corte habitual de bobos. A era dos "magalhanes" parece ter chegado ao fim. Diz-me com quem andas...
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