Já não se pode ter uma pausa. Regresso da Páscoa com a terrível sensação que levei ainda mais reforçada: já não tenho paciência nem alma para ver televisão ou ler jornais. Especialmente noticias! Safa-se a rádio ao volante, saltitando por entre a Antena 1, Renascença, RFM (para uma boa musica) e raras escapadinhas pela TSF e RCP (cada vez mais raras na TSF).
Ainda na área dos mass media, safam-se os canais especializados por cabo como o Canal de História e o National Geographic ou o AXN e a FOX Live, com séries de qualidade, ou o Blommberg e a CNBC para informação realmente essencial, estes ultimos vistos através da internet e nem tanto pelo único aparelho de TV que tenho em casa (na sala). Acresce que, estes ultimos, se podem subscrever na internet por temas, datas ou da forma que melhor se desejar. Tal como os jornais digitais, é uma forma perfeita de selcionar o que se recebe por email e que depois se vê ou não consoante a vontade individual.
Safam-se também os jogos da Champions e os do Benfica. Os primeiros pela qualidade do espectáculo de que sou fã, os segundos por um qualquer tique irracional de auto-flagelação.
Mas quem se safa mesmo bem são os emergentes self media, cada vez mais uma aposta de futuro, também chamados por "on demand". Aqui as regras são outras e o poder do emissor é contrabalançado com a interactividade do receptor. Já não temos de aturar tudo o que nos impingem, ou comer tudo o que nos servem. Podemos buscar efectivamente o que nos interessa e ignorar o que serve interesses alheios.
E para quem pense que rádio ao volante ou telejornais na TV são semelhantes, existe uma diferença que, no meu caso, é abismal: a solidão. Ao telejornal assiste-se com companhia, e a condução diária é feita em solidão. Sozinho, é muito mais fácil digerir as alarvidades e disparates que se ouvem sem entrar num enrredo de comentários que só nos desgastam. As notícias políticas ouvidas no rádio ao volante são hilariantes. É perfeitamente claro que os senhores doutoures trocam piropos entre si, numa espiral de acção/reacção bilateral que se alheia dos interesses e preocupações de quem ouve. Não foi uma nem duas vezes que dei por mim a sorrir sabendo, como sei e conheço, que é um triste espectáculo que se poderia fazer por telemóvel, uma vez que todos se conhecem muito bem. Em televisão, com a família ao lado a assistir ao telejornal, a tentação do comentário jocoso é grande. No carro, o sorriso é suficiente e tranquilizante.
De facto, já não tenho pachorra para mais do que aquilo que quero e escolho. Como afirma o Prof. Francisco Rui Cádima "(...)o que a lógica dos self media e a interactividade evidenciam é sobretudo a crise das estratégias de encenação do actual campo mediático, que insiste de modo insuportável no discurso da actualidade trágica e no pequeno mundo da política e do fait-divers(...)".
Fica o conselho: selecione com cuidado o que vê, ouve e lê. Como uma campanha publicitária recentemente fez notar: o que PENSA, começa aí mesmo.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
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