sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Voto Racional

Há uns dias, no artigo "Quando as massas superam as elites", uma pergunta ficou por esclarecer: que fazer nas próximas legislativas?

Para concluirmos a resposta, é necessário avaliar de que forma o nosso interesse próprio (o de cada eleitor) é melhor defendido. Um interesse próprio racional, e não um mero capricho nem uma necessidade de momento, é a base para encontrar o "voto racional"

Vejamos então os motes desta campanha:

CDU: Sim, é possível. O quê? Uma vida melhor. Como? De alguma forma. À custa de quê e de quem? De alguém... haverá sempre alguém... Evasão pura e simples, como já nos habituamos e muitas vezes aqui denunciei.

BE: Justica na Economia. Mais uma evasão abstracta. Porventura o estado será equidistante e tratará, do ponto de vista económico, TODOS os cidadãos por igual? É isso que Louçã defende? Os únicos concretos são os ataques à propriedade privada, hoje de uns amanhã, a sua e a minha... Justiça será o roubo descarado com base na "necessidade" de cada um? E quem vai aferir essa "necessidade"? Eu? Você? Cada um dos necessitados? Cada um dos pagantes? Ou será Louçâ ele próprio (o estado ou um burocrata)? E com que critério? Com que direito?

PS: Avançar Portugal. Boçalidade evasiva. Avançar para onde? Com quem? De que forma? Também já sobejamente aqui se referiu a natureza destas evasivas, desesperadamente desejando que as vítimas não se apercebam do saque.

PSD: Política de verdade. Em quê? Nos público-privados? Verdade na forma como o estado impede descaradamente a entrada de novos "players" em áreas chave da economia, apenas e só para proteger os amigos? Verdade dá para tudo, logo para nada.

CDS: Autoridade dos professores. Concreto. Mais firmeza contra os criminosos. Outro concreto. Terminar com o rendimento mínimo (ou iniciar o seu término). Outro concreto. É pouco e curto. Falta também ser firme no combate aos monopólios coercivos estabelecidos pelo estado. É preciso, económicamente falando, acabar com regulação que cria um "mercado virtuosista" em vez de um "mercado livre". Chega até a ter uma proposta no seu programa de afectação de uma parte dos lucros das empresas (propriedade privada) a ser distribuido pelos trabalhadores numa espécie de PREC XXI. Sim, o CDS têm um enorme caminho a percorrer em matéria de economia e de filosofia política. Mas tem pelo menos o mérito (surpreendente diga-se) da não evasão. De ser concreto e objectivo tanto nas virtudes como nos erros.

Que fazer então?

Inicialmente, pensei, o voto racional seria não pactuar nem sancionar nenhuma destas propostas. Todas elas encerram contradições em si mesmas, tornando-se uma verdadeira aberração metafísica e moral se observadas à lupa. Todas elas pecam pela sua base: a concepção da política como uma forma de aceder ao poder de legislar (poder coercivo) e assim "alterar" e promover a vida em sociedade, em detrimento do indivíduo.

Depois a filosofia desenvolveu-se. Pensei votar BE e em Louçã. Os que me conheçem sabem bem que é verdade. Era uma espécie de alto planeamento para uma "destruição criativa". Para quem conhece a teoria de Joseph Shumpeter, é obvio que para construir uma nova sociedade é necessário destruir a que temos pelos seus alicerces, precisamente porque é aí que ela está "podre". Para isso contava dar força ao BE. Para demonstrar por A + B que a sua moralidade é perversa e cujo objectivo é apenas subverter moralmente cada indíviduo até que este esteja disponível para se sacrificar pelo todo. Processo penoso mas que funcionaria, não fossem os dados dos últimos dias de campanha, em que as massas lá demonstraram uma vez mais que superam em muito as elites.

O BE foi engraçado, e "deixa-os lá andar que até é giro". Mas quando de facto aparentam capacidade para aceder a algum poder, os portugueses reagem. Pela primeirra vez na sua história o BE teve um periodo de campanha em declínio. Isto deita por terra o plano da "destruição criadora".

Assim, as alternatiavs voltam a ser a racionalidade simples e moralmente pura da abstenção consciente, voto branco ou nulo, ou a de um voto que retarde a destruição para onde a sociedade caminha a passos largos. É o chamado voto travão, que mantenha uma evolução para a desgraça na mínima velocidade possível, na esperança de uma "guinada" corajosa.

Escrevo isto a 80 Km de distância do comício de encerramento de campanha do CDS em Leiria. O últimos dias de campanha do CDS, apesar de tardios e ainda muito longe do que é uma proposta objectiva e coerente, talvez sejam suficientes para me fazer sair de casa ainda esta noite.

Reflictam.

4 comentários:

  1. "Para demonstrar por A + B que a sua moralidade é perversa e cujo objectivo é apenas subverter moralmente cada indíviduo até que este esteja disponível para se sacrificar pelo todo"

    LOL, tenho de confessar que embora com objectivo um pouco diferente acabei por ponderar o mesmo que tu.

    "Para quem conhece a teoria de Joseph Shumpeter..."

    A destruição criativa?

    Agora um aparte, relativo à temática que estavamos a discutir:

    - Qual é para ti a utilidade da "Verdade" tal e qual como é definida?

    João Cardiga

    ResponderEliminar
  2. A "Verdade", á luz da lei da identidade de Aristóteles, impede os homens de falsos raciocínios.

    Ou seja: através dum exercício de telescopia intelectual, aprofundar cada escolha até ao último fundamento moral (ou a escolha primária) e verificar se esta contraria a natureza.

    Através deste processo filosófico, a Razão prevalece perante a racionalização (uso do raciocinio, abdicando da razão e ignorando as premissas essenciais).

    Só assim se pode adequar o pensamento à realidade.

    ResponderEliminar
  3. Há pensamentos escritos que aceito porque os entendo, outros não, porque os entendo também. Sou boçal,lorpa, pacóvia? Não, apenas estou no outro lado.
    O pior que aconteceu ao mundo de hoje foi considerar o LUCRO o motor de toda a actividade empreendedora e esquecer que é o Homem, o elo que faz a máquina funcionar. Porque é o sonho que move o Homem, não o lucro. O lucro escraviza.
    Sem ninguém para referênciar, a não se ue mesma.
    Fique bem.

    ResponderEliminar
  4. Guidinha:

    É curioso que tenha comentado logo este post quando qualquer outro seria mais apropriado para o que escreveu. Talvez se o tivesse feito não tivesse escrito o que escreveu.

    Umas notas:

    Creio que está a confundir LUCRO com EXPROPRIAÇÃO que são coisas completamente diferentes. Numa sociedade livre, o LUCRO é um ganho, um benefício, um valor, uma vantagem ou utilidade obtida por um individuo por meio de Razão e livre colaboração entre os Homens.

    LUCRO (a obtenção de valores) é o que consubstância a sustentação da vida (sobrevivência). Uma planta, é dotada pela natureza com mecanismos automáticos (instintos) de busca dos valores que a sustentam (a luz e a água). Da mesma forma, um animal é dotado pela natureza com esses mesmos instintos para buscar os seus proprios valores. O Homem não!

    Ao Homem é exigidio que busque esses valores através do uso das suas capacidades intelectuais. Graças a este mecanismo de obtenção de valores (LUCRO) podemos andar de avião em vez de montados em burros. Graças ao LUCRO, podemos hoje estar mais tempo com os filhos em vez de andar na lavoura de sol a sol. Graças ao LUCRO, não morremos todos de poliomielite.

    Exproriação é, pelo contrário, a obtenção desses mesmos valores pela força, em deterimento da Razão; seja através de uma arma ou de uma lei.

    É a equivalência destes termos que permite à maldade de muitos abusar da ignorância dos outros. Os lucros numa sociedade em que tudo depende do estado ou da sua autorização, como a que temos, são verdadeiras expropriações.

    Não é o LUCRO que escraviza mas sim a dívida.

    Se, como creio, não deseja o Homem escravizado pela máquina, então terá de renunciar à imagem do Homem enquanto "elo que faz a máquina funcionar". Deve entender que o Homem não é o elo de máquina alguma mas sim uma máquina per se: Homen enquanto Homem. Não se pode confundir HUMANISMO com HUMANITARISMO.

    Ambas as confusões têm a mesma origem e o mesmo objectivo: o aumento e/ou manutenção do poder e a obliteração dos direitos individuais.

    Toda esta "construção social" é apenas possível pela extinção das ciências humanas, principalmente da filosofia, e ao completo afastamento destas e dos seus principios do plano político.

    As massas reclamam por falta de principios, não compreendendo que estes são incompatíveis com a devoção do pragmatismo que, em nome de tudo e de todos, tudo torna possível. É o que aqui combatemos.

    Basta passar os olhos para o que aqui se escreve para constatar claramento os principios que aqui se defendem: morais e filosóficos.

    É principal objectivo deste blog denunciar o embuste filosofico e moral perpretado pelo "establishement" no último século.

    Para ver as coisas como elas são (A é A) é necessário largar os preconceitos há muito proclamados pelo "establishement".

    É uma viagem rumo ao conhecimento, identificação e proclamação da liberdade que a convido a fazer connosco.

    ResponderEliminar