O que faz um administrador de massa falida (da Quimonda) nos gabinetes do governo português?
A resposta a esta pergunta é, obviamente, especulativa. O que nos torna, também obviamente, especuladores. Esses tão perigosos adeptos da liberdade e da Razão que - na boca dos profissionais da "coisa comum" - são os responsáveis pela desgraça e pela crise. Então especulemos:
Antes de mais temos de saber o que é um administrador de "massa falida" e o que é isso de "massa" e "falida". Ora esta "massa" não se refere a dinheiro (pois isso é que faltou) mas sim àquele jargão metafísico que define a quantidade de matéria de um corpo ou objecto. Uma massa falida é a quantidade de valores (objectos, activos, ou tudo o que se venda) que resta a uma empresa depois de esta ser considerada inviável e ter aberto um processo de falência.
Qual é então a função de um administrador de massa falida? Ele terá de tentar transformar a massa metafísica naquela massa que todos precisamos e gostamos de receber ao fim do mês. Terá de vender tudo ao melhor preço possível, de forma a que os credores da Quimonda possam ser reembolsados do dinheiro com que ficaram a "arder".
Depois de decretada a falência a "massa falida" é administrada judicialmente com o intuito de se poder angariar o máximo de dinheiro possível para pagar as dívidas. A Quimonda deixa pura e simplesmente de existir enquanto "player" de mercado.
Neste contexto é facil entender o que levará o senhor administrador ao gabinete do senhor ministro. É também mais uma falência que para lá o arrasta: a nossa falência. Mais um beneficiozinho aqui, mais uns perdõezitos ali, mais umas facilidadezitas acoli, e "abracadabra" que a fábrica de Vila do Conde fica misteriosamente apetecível para um qualquer investidor. Sem dívidas, sem história, sem responsabilidade... sem moral.
Ganha o administrador da massa, ganham os accionistas da Quimonda, ganham os credores da Quimonda e ganha o governo mais umas horitas de televisão a arrogar-se de ter conseguido baixar as taxas de juro do BCE - Ups, perdão - a arrogar-se de ter conseguido que não fossem despedidas 1500 pessoas, mas só 500. Um grande esforço pelo qual deveremos pagar com mais uns votos para ver quem é que vai controlar as nossas vidas nos próximos 4 anos.
Os outros mil terão emprego por mais algum tempo, até se tornar obvio que o investimento teve contornos não produtivos e não competitivos, pois serviu apenas para tirar partido dos beneficiozitos temporários. Logo logo, ao abrigo das dificuldades, acontecerá o mesmo que nas minas alentejanas levou 6 meses a acontecer. Fecha e lá vem outro qualquer figurante fazer o frete ao governo. Um daqueles investidores que só o fazem a coberto do subsidio e do beneficio e que não sabem o que são empresas competitivas ou investimentos rentáveis sem patrocínio.
A questão empresarial da Quimonda já se arrasta há vários anos e é a história de uma empresa que compete com uma feroz concorrência na área dos "chips" para informática. Já estava condenada desde há algum tempo e tudo o que os governos (o alemão em primeiro plano) fizeram foi adiar o problema e desperdiçar os recursos dos contribuintes. Uma "borrasca" que agora rebentou. É o que invariavelmente acontece quando se tenta contraiar uma força da natureza: a Razão.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
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