segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Libertem Portugal! (Freeport)

Não gosto de falar (nem de escrever) sobre o que está na moda. Mania de ser diferente! Mas também tenho a fama de não ter regras, logo esta não é uma excepção que a venha confirmar. É apenas e só o registo de mais um burburinho, igual a tantos outros, mas visto de outra forma.

Muitos nomes diferentes mas uma só génese: "Freeport", "salgados" (o dos sobreiros), "casino de Lisboa", "BPN" (tanto o BPN propriamente dito como a SLN e aquele pseudo-concurso de um pseudo-sistema de pseudo-segurança e pseudo-prevenção de facto-incêncios florestais - para quem ainda se lembrar). São apenas nomes de dossiers com vários rostos de diferentes cores e feitios mas oriundos da mesma casa.

À esquerda ou à direita, com brazão ou sem ele, no cargo central ou no local, a casa é uma só e a família conhece-se toda. Aquela a que os americanos chamam de "[public] office" e que nós chamamos de cargos públicos. Supostamente os nossos funcionários. Aqueles a quem os contribuintes dão emprego num concurso que mais parece um miss-mundo de vaidades, onde invariavelmente é quem mais "engana", mais vende e melhor parece que é contratado a prazo por quatro anos.

Podia cantar o fado - como bom português - e lamentar que mais uma vez não dará em nada. Mas não lamento. Não lamento e não peço desculpa por não lamentar. Orgulho-me em não o fazer porque sei as causas dessa inconsequência. Quem usa da Razão também o sabe: é um processo perfeitamente legal. Sem reconhecer a realidade que nos envolve não nos podemos arrogar de realmente viver.

Não lamento porque penso. Orgulho-me de pensar e de juntar a minha voz aos incitamentos da mente.

Se outras há que se lhe seguem, a mais primordial regra do Homem deve ser a de não colocar nada - absolutamente nada - acima do veredicto da sua própria mente.

Sou adepto da lei e da ordem e considero os neo-conceitos de "leis morais" (ex. incompatibilidades) um repúdio da natureza humana. A moral advém de um conjunto de comportamentos ditados pela mente e pela Razão. Limitá-la é limitar o seu recipiente e negar-lhe a sua natureza.

Acredito nas leis naturais que o são de forma inata e deixam de ser se assim não for. Tenho como natural que as artificialidades sejam as estritamente necessárias e que sirvam para reforçar as naturalidades e não para as contrariar. As leis artificiais devem ser as estritamente necessárias para prevenir a ordem, impedir o uso da força, proteger a Razão e os Homens.

Não é natural que o estado tenha ganho tantos e tão variados poderes. Faz com que o contrato a prazo de quatro anos seja demasiado apetecivel para não forçar a sua renovação por quaisquer meios. Ninguém quer perder um bom emprego, e se esse alguém tem na mão o poder para ditar as regras, não é racional esperar que não faça uso disso mesmo. Não é racional (nem natural) que um contratado dite os termos a quem o contrata.

Neste quadro não somos mais que reféns. Accionistas nomeiam administradores, não pela competência, mas pelos seus contactos e amizades. O lucro é feito, não da produção ou comércio de bens e serviços, mas através do comércio de favores e influências. Ministros que se demitem por pontes que caem, fazem-se pagar por construtoras para assegurar que estas fiquem de pé. Os curriculos mostram onde se esteve, com quem se andou e que títulos se usou para esconderem que nada se fez.

Os salteadores correm para se colocar mais perto dos detentores da força (seja da lei ou das armas) e lançam-se ao saque enquanto podem pois o tempo, para eles, conta. Nos meandros deste anti-poder não há honra nem Razão e, para salvar as aparências, o amigo de ontem é o sacrificado de amanhã.

A Razão encerra o poder supremo. Mas se até o capital se sente refém deste anti-poder, o que será do individuo? Dão-lhe uma mera ilusão de que pode escolher - de quatro em quatro anos - quem vai ditar a forma como vivem, como produzem e como pensam.

Freeport. Free Portugal. Libertem Portugal.

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