Na passada sexta-feira foi a festa de final de ano na escola da minha filha. A bem dizer na escola dos meus filhos, uma vez que andam os dois no mesmo agrupamento mas, por um lado porque o mais velho não preparou qualquer actuação e por outro porque a mais nova era finalista do Jardim de Infância, familiarmente a festa acabou por ser um pouco por causa da pequenita e do seu diploma.
Aquelas festas habituais em que os miúdos nos mostram as suas habilidades e em que eles, nós e as educadoras e/ou professoras andamos babados por um bom par de horas, deram lugar a mega festivais ao estilo "Super Bock, Super Rock" em que reina a confusão e ninguém se entende.
Quando a ideia surgiu neste agrupamento, há três anos, foi apresentada como uma festa da comunidade educativa e, de caminho, uma forma de angariar fundos para a compra de uma carrinha de apoio às actividades com os alunos. Adepto que sou duma forte relação escola-comunidade, aderi e apoiei a ideia desde a primeira hora. A par de outros pais e encarregados de educação, por várias vezes tentei participar e ajudar no que fosse necessário mas, por qualquer estranha razão, a ajuda parecia não ser necessária nem benvinda.
Chegado o dia desse primeiro "arraial" percebi porquê: garantida que estava a mão-de-obra e como a ideia era que se gastasse lá a guita, a ajuda e envolvimento da comunidade eram consideradas um desvio à planificação estratégica e ao marketing. Os "profs" serviam a malta e a relação escola-comunidade ficava de lado mas ainda assim safava-se a festa dos mais pequenos e a carrinha... que lá se comprou depois do "arraial" do ano passado.
Este ano foi o 3º "arraial" e já nada tem de festa escolar. Mesmo sem carrinhas para comprar, o apelo do dinheiro fala tão alto que, por este andar, o financiamento do Ministério da Educação para esta escola poderá brevemente ser dispensável. Feita apenas à custa do esforço dos professores num quadro de mão-de-obra gratuita, quase escrava, recrutada quiçá sob que pretextos ou coações e engalanada com pomposos discursos e "mimos" entre a edilidade e a directoria, a festa fica envolta num binómio presa-predador onde uns brilham e colhem os méritos do trabalho arrancado aos outros. Não se vê envolvimento algum da comunidade à excepção do consumo a que são obrigados e incentivados: desde um bilhete de entrada exigido também aos alunos que actuam e aos professores que trabalham, ao folclore dos artistas convidados que põem e dispõem do programa para maximizar o negócio.
Entre as presas e os predadores ficam os que, como eu, se sentiram uns bobos a tentar vislumbrar as actuações dos seus filhos e a festa da escola. Um esquema multi-palcos que juntou à confusão dum "Super Bock, Super Rock" a dispersão dum "Rock in Rio" serve o propósito de relegar as crianças, que pelos vistos incomodavam a festa, para a "porta dos fundos" ou, como ouvi referirem, para a "festa dos pobres" onde só elas e as respectivas famílias podiam ver e ouvir, e ainda assim mal, aquilo que mais importava.
Talvez por isto o mais velho, já no 2º ano, não tenha preparado nada para apresentar. Eu sei que, se porventura fosse o seu professor, não o faria passar por isso. Valeu que a pequenita ainda não se apercebe destas coisas. Para o ano, se cá estivesse, pedia o diploma por via postal. Ainda bem que não vou estar. Para bobo já bastou duas vezes: ter acreditado numa boa ideia original que foi brutalmente desvirtuada e ter assistido ao repasto predatório.
terça-feira, 23 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Pobres, Fracos, Estúpidos e Vigaristas
O estado decide, conclui, declara o que somos ou o que não somos, e até se dá ao luxo de sancionar, desde que a "taxa de sancionamento" seja devidamente paga.
Está estabelecido que os pobres (assim declarados por édito estatal) não podem ter filhos e, se os tiverem, estes ser-lhes-ão retirados sem apelo nem agravo. Foi o que aconteceu à mãe do Martim, declarada "sem recursos" segundo os critérios estatais, a quem roubaram o filho em plena maternidade.
Declarou-se ainda que os menores de 18 anos não se podem manifestar. A mesma mãe a quem foi roubado um filho foi agora, sob forte coação estatal, impedida de lutar pela recuperação da criança. Valeu-lhe a solidariedade da sua mãe e avó da criança.
Também aos menores, a participação em determinados espectáculos está condicionada à prévia aprovação estatal. Assim aconteceu com Michelito Lagravere que cometeu 2 erros: ter recorrido a um pediatra em vez de um médico do trabalho (neste país até o trabalho fica doente e a precisar de médico!), e não ter decidido antes participar numa novela portuguesa. Não consta que as CPCJ's deste país tenham igual índice de produtividade na execução do seu efectivo mandato: a prevenção de crimes contra as crianças e a protecção e defesa efectiva das mesmas.
Atesta-se ainda, através dos títulares do monopolio representativo estatal, que todo o eleitor é estúpido e, por consequência, não consegue distinguir entre legislativas e autárquicas. Todos os partidos, à excepção do PSD, defendem eleições em separado (PS, PCP, BE, CDS e os melancias - verdes por fora mas vermelhos por dentro). Mesmo a honrosa excepção do PSD se perde num discurso pouco claro e diluído. Provavelmente a medida tende a evitar que aconteça com os subsidios partidários o mesmo que aconteceu com os fundos europeus que não foram utilizados: convém gastar o produto do saque antes que este gere as típicas invejas portuguesas.
Ainda houve tempo para estabelecer a declaração do contibuinte como vigarista até prova em contrário, invertendo o ónus da prova para o que foi e vier a ser estabelecido de "enriquecimento ilícito"; e espoliando a vida, o património e a privacidade de cada um. Como ainda não foi re-declarado o dicionário de Português, ilícito significa ilegal. O ilegal não se taxa, confisca-se! Mas como além de declarar o estado também sanciona, temos agora um novo tipo de vigarista que, sócio do estado, goza de um enquadramento legal previlegiado.
E assim foram os Portugueses declarados por quem os governa. Um triste dia para viver em Portugal. Pior hoje, só mesmo viver em Portugal e ser Benfiquista. No Benfica esteve quase e, apesar de não ter ainda acontecido, a mudança de paradigma ficou para breve. Infelizmente na governação não é espectável que o mesmo aconteça.
Está estabelecido que os pobres (assim declarados por édito estatal) não podem ter filhos e, se os tiverem, estes ser-lhes-ão retirados sem apelo nem agravo. Foi o que aconteceu à mãe do Martim, declarada "sem recursos" segundo os critérios estatais, a quem roubaram o filho em plena maternidade.
Declarou-se ainda que os menores de 18 anos não se podem manifestar. A mesma mãe a quem foi roubado um filho foi agora, sob forte coação estatal, impedida de lutar pela recuperação da criança. Valeu-lhe a solidariedade da sua mãe e avó da criança.
Também aos menores, a participação em determinados espectáculos está condicionada à prévia aprovação estatal. Assim aconteceu com Michelito Lagravere que cometeu 2 erros: ter recorrido a um pediatra em vez de um médico do trabalho (neste país até o trabalho fica doente e a precisar de médico!), e não ter decidido antes participar numa novela portuguesa. Não consta que as CPCJ's deste país tenham igual índice de produtividade na execução do seu efectivo mandato: a prevenção de crimes contra as crianças e a protecção e defesa efectiva das mesmas.
Atesta-se ainda, através dos títulares do monopolio representativo estatal, que todo o eleitor é estúpido e, por consequência, não consegue distinguir entre legislativas e autárquicas. Todos os partidos, à excepção do PSD, defendem eleições em separado (PS, PCP, BE, CDS e os melancias - verdes por fora mas vermelhos por dentro). Mesmo a honrosa excepção do PSD se perde num discurso pouco claro e diluído. Provavelmente a medida tende a evitar que aconteça com os subsidios partidários o mesmo que aconteceu com os fundos europeus que não foram utilizados: convém gastar o produto do saque antes que este gere as típicas invejas portuguesas.
Ainda houve tempo para estabelecer a declaração do contibuinte como vigarista até prova em contrário, invertendo o ónus da prova para o que foi e vier a ser estabelecido de "enriquecimento ilícito"; e espoliando a vida, o património e a privacidade de cada um. Como ainda não foi re-declarado o dicionário de Português, ilícito significa ilegal. O ilegal não se taxa, confisca-se! Mas como além de declarar o estado também sanciona, temos agora um novo tipo de vigarista que, sócio do estado, goza de um enquadramento legal previlegiado.
E assim foram os Portugueses declarados por quem os governa. Um triste dia para viver em Portugal. Pior hoje, só mesmo viver em Portugal e ser Benfiquista. No Benfica esteve quase e, apesar de não ter ainda acontecido, a mudança de paradigma ficou para breve. Infelizmente na governação não é espectável que o mesmo aconteça.
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
Relações Duradoiras
Ao contrário do que poderia fazer parecer com a recente lei do divórcio, este governo está empenhado em promover relações duradoiras. Em especial quando esse empenho se traduz em mais uma oportunidade para saciar o seu apetite pela propriedade alheia.
Agora são mais 35% em sede de IRC das indennizações a receber por gestores administradores e gerentes por cessação de funções. Em sede de IRC significa que quem paga não é o gerente mas a empresa.
Em cima da actual falta de liberdade de adaptação aos mercados e limitação da eficácia competitiva, esta medida irá certamente manter muitos gerentes e administradores nos seus postos independentemente da sua competência e dos resultados apresentados, numa lógica do accionista privado.
Na lógica do accionista estado, aquele que nomeia os gestores e administradores por critérios políticos, é mais uma forma de promover a incompetência e beneficiar o administrador que cessa funções. Afinal, quem paga é o contribuinte.
Se tem ou pensa vir a ter uma empresa, tenha cuidado: nomear um gerente ou administrador é, a prazo, estabelecer uma relação tão sólida como um casamento e quebrá-la custará bem mais caro que um divórcio.
Agora são mais 35% em sede de IRC das indennizações a receber por gestores administradores e gerentes por cessação de funções. Em sede de IRC significa que quem paga não é o gerente mas a empresa.
Em cima da actual falta de liberdade de adaptação aos mercados e limitação da eficácia competitiva, esta medida irá certamente manter muitos gerentes e administradores nos seus postos independentemente da sua competência e dos resultados apresentados, numa lógica do accionista privado.
Na lógica do accionista estado, aquele que nomeia os gestores e administradores por critérios políticos, é mais uma forma de promover a incompetência e beneficiar o administrador que cessa funções. Afinal, quem paga é o contribuinte.
Se tem ou pensa vir a ter uma empresa, tenha cuidado: nomear um gerente ou administrador é, a prazo, estabelecer uma relação tão sólida como um casamento e quebrá-la custará bem mais caro que um divórcio.
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terça-feira, 9 de junho de 2009
Europeias: digestão ou congestão?
Uma digestão a 48 horas tem as suas vantagens. Depois da breve ventilação que aqui fiz houve oportunidade para novos desenvolvimentos virem a lume e muitas reacções e... meus amigos... houve de tudo. Nem sei por onde começar. Vamos por fases.
As "minhas europeias":
Talvez deva esclarecer que não votei. A começar por estar a mais de 250 Km da minha mesa de voto e acabar por concluir que o esforço da deslocação exigiria um retorno que não era expectável que obtivesse. Acaso o esforço a fazer e o retorno exigivél fossem menores teria ido à mesa de voto escolher entre branco, nulo ou... MPT. Não por uma qualquer simpatia para com o planeta, mas porque era a única forma de expressar algum apoio ao Libertas, o primeiro partido pan-europeu, nascido no rescaldo do referendo Irlandês. Desta forma tornei-me num abstencionista consciente: não tendo nada a receber em troca que se equivalesse ao sacrifício, não votei.
Os protagonistas:
Segui meio distraido as declarações da noite e, na forma, Paulo Rangel esteve melhor que Manuela Ferreira Leite, nada de extraordinário. Mais surpreendente foi o facto de Nuno Melo ter estado melhor que Portas a quem nem a emoção favoreceu. Quiça terá sido até prejudicial à imagem que o CDS e ele próprio preferem promover de homem e partido de estado: para funções de grande responsabilidade a fragilidade emocional ou a emotividade excessiva não são grande vantagem.
No conteúdo, Rangel tentou o que devia: condicionar as grandes decisões do governo para os próximos 3 meses. Os simpatizantes da oposição aplaudem, os do governo consideram sobranceria. Mas, lendo os resultados e extrapulando-os da mesma forma num espectro mais abrangente, Louçã fez a mesma coisa: avisou que com estes valores (e apesar de ser uma vitória eleitoral) o PSD não tem nenhuma garantia nem grande margem de manobra para exercer pressão política.
Se por um lado o PSD usa os resultados para sustentar a suspensão das grandes decisões de despesa do estado (não, não é investimento), então Louçã e Jerónimo de Sousa podem usá-los para exigir que o PS proiba desde já os despedimentos e nacionalize tudo e mais alguma coisa.
Mas podemos estar descansados porque todas estas declarações são fait-divers. Sócrates anunciou que se mantém no mesmo rumo portanto, vamos ter a despesa pública e, pelo menos por enquanto, nem a proibição dos despedimentos nem nacionalizações em massa irão avançar.
Os resultados:
Dos resultados salta à vista a abstenção. Nada de surpreendente porque se tratam de europeias e porque é assim mesmo. Se acham que a europa se faz contra os povos europeus, recusando referendar o projecto e, quando o fazem, anulando a vontade popular através de golpes administrativos, enganam-se. E enganam-se ainda mais se pensam que basta chamarem o Figo, a abelha maia e outros "Cíceros" e "Platões" da sociedade moderna para apelar ao voto. Seria curioso saber se o Figo e outros artistas, da bola e não só, estariam disponíveis para fazer campanha e apelos a referendar o Tratado de Lisboa? Será que consideram os referendos como particípação cívica?
Ainda sobre a abstenção, vale a pena fazer algumas contas: o partido mais votado obteve o voto de 9,5% dos portugueses, o segundo menos de 8% e os restantes partidos (todos juntos) menos de 9% (In: JN, por Manuel António Pina). Parabéns a todos... Afinal apenas o PS tinha perdido!!!
Para uns o PSD ganhou, para outros nem por isso; para todos o PS parece ter perdido e o BE parece ter ganho; a CDU para uns cresceu, para outros foi ultrapassada pelo BE; e o CDS ganhou às sondagens e resistiu para uns, para outros passou a 5ª força política. É só escolher o que se quer ver.
Eu constatei a eleição de 15 socialistas ou sociais-democratas, de 5 comunistas, mauistas ou trotskistas e 2 conservadores para representarem o meu país no PE. Com naturalidade, os eleitores tendem a escolher mais o original (BE e PCP) em deterimento da cópia embaraçada do estatismo paternalista do outro bloco (o central) e da ditadura da alternância (PS e PSD). Constatei também que os conservadores portugueses que votam CDS continuam residuais e os outros continuam complexados (preferem criar um PPV) ou enganados e desorientados na DA/BC (entre o PS e o PSD).
As reacções gerais e genéricas que fui vendo:
O jubilo foi grande para a esquerda saltitante em direção ao poder, e o alarme soou nos detentores clássicos do poder e dos seus apoiantes (tanto o PS como o PSD). As buzinas e os sinos tocam a rebate e, depois da entusiástica euforia da vitória, o nervosismo é tal que se vai ao ponto de propôr coisas como o PSD tornar-se num barco para liberais e conservadores ou o CDS virar um partido libertário. Isto tudo em três meses só pode dar na versão portuguesa do Titanic ou num AirBus A330.
Na prática apenas mudaram as moscas. Substituir o socialismo pela social-democracia é o mesmo que trocar o Ben-u-ron pelo Brufen e os potenciais libertários (afinal conservadores) acabam de resuscitar a censura.
Há uma solução que não é execuível em três meses e que provavelmente só será possível depois dos resultados das próximas legislativas. Já aludi a alguns aspectos dessa solução nos comentários que fiz nos posts acima linkados (para quem quiser ir ler). Como este post já vai longo e o assunto até merece mais atenção, fica para a próxima.
As "minhas europeias":
Talvez deva esclarecer que não votei. A começar por estar a mais de 250 Km da minha mesa de voto e acabar por concluir que o esforço da deslocação exigiria um retorno que não era expectável que obtivesse. Acaso o esforço a fazer e o retorno exigivél fossem menores teria ido à mesa de voto escolher entre branco, nulo ou... MPT. Não por uma qualquer simpatia para com o planeta, mas porque era a única forma de expressar algum apoio ao Libertas, o primeiro partido pan-europeu, nascido no rescaldo do referendo Irlandês. Desta forma tornei-me num abstencionista consciente: não tendo nada a receber em troca que se equivalesse ao sacrifício, não votei.
Os protagonistas:
Segui meio distraido as declarações da noite e, na forma, Paulo Rangel esteve melhor que Manuela Ferreira Leite, nada de extraordinário. Mais surpreendente foi o facto de Nuno Melo ter estado melhor que Portas a quem nem a emoção favoreceu. Quiça terá sido até prejudicial à imagem que o CDS e ele próprio preferem promover de homem e partido de estado: para funções de grande responsabilidade a fragilidade emocional ou a emotividade excessiva não são grande vantagem.
No conteúdo, Rangel tentou o que devia: condicionar as grandes decisões do governo para os próximos 3 meses. Os simpatizantes da oposição aplaudem, os do governo consideram sobranceria. Mas, lendo os resultados e extrapulando-os da mesma forma num espectro mais abrangente, Louçã fez a mesma coisa: avisou que com estes valores (e apesar de ser uma vitória eleitoral) o PSD não tem nenhuma garantia nem grande margem de manobra para exercer pressão política.
Se por um lado o PSD usa os resultados para sustentar a suspensão das grandes decisões de despesa do estado (não, não é investimento), então Louçã e Jerónimo de Sousa podem usá-los para exigir que o PS proiba desde já os despedimentos e nacionalize tudo e mais alguma coisa.
Mas podemos estar descansados porque todas estas declarações são fait-divers. Sócrates anunciou que se mantém no mesmo rumo portanto, vamos ter a despesa pública e, pelo menos por enquanto, nem a proibição dos despedimentos nem nacionalizações em massa irão avançar.
Os resultados:
Dos resultados salta à vista a abstenção. Nada de surpreendente porque se tratam de europeias e porque é assim mesmo. Se acham que a europa se faz contra os povos europeus, recusando referendar o projecto e, quando o fazem, anulando a vontade popular através de golpes administrativos, enganam-se. E enganam-se ainda mais se pensam que basta chamarem o Figo, a abelha maia e outros "Cíceros" e "Platões" da sociedade moderna para apelar ao voto. Seria curioso saber se o Figo e outros artistas, da bola e não só, estariam disponíveis para fazer campanha e apelos a referendar o Tratado de Lisboa? Será que consideram os referendos como particípação cívica?
Ainda sobre a abstenção, vale a pena fazer algumas contas: o partido mais votado obteve o voto de 9,5% dos portugueses, o segundo menos de 8% e os restantes partidos (todos juntos) menos de 9% (In: JN, por Manuel António Pina). Parabéns a todos... Afinal apenas o PS tinha perdido!!!
Para uns o PSD ganhou, para outros nem por isso; para todos o PS parece ter perdido e o BE parece ter ganho; a CDU para uns cresceu, para outros foi ultrapassada pelo BE; e o CDS ganhou às sondagens e resistiu para uns, para outros passou a 5ª força política. É só escolher o que se quer ver.
Eu constatei a eleição de 15 socialistas ou sociais-democratas, de 5 comunistas, mauistas ou trotskistas e 2 conservadores para representarem o meu país no PE. Com naturalidade, os eleitores tendem a escolher mais o original (BE e PCP) em deterimento da cópia embaraçada do estatismo paternalista do outro bloco (o central) e da ditadura da alternância (PS e PSD). Constatei também que os conservadores portugueses que votam CDS continuam residuais e os outros continuam complexados (preferem criar um PPV) ou enganados e desorientados na DA/BC (entre o PS e o PSD).
As reacções gerais e genéricas que fui vendo:
O jubilo foi grande para a esquerda saltitante em direção ao poder, e o alarme soou nos detentores clássicos do poder e dos seus apoiantes (tanto o PS como o PSD). As buzinas e os sinos tocam a rebate e, depois da entusiástica euforia da vitória, o nervosismo é tal que se vai ao ponto de propôr coisas como o PSD tornar-se num barco para liberais e conservadores ou o CDS virar um partido libertário. Isto tudo em três meses só pode dar na versão portuguesa do Titanic ou num AirBus A330.
Na prática apenas mudaram as moscas. Substituir o socialismo pela social-democracia é o mesmo que trocar o Ben-u-ron pelo Brufen e os potenciais libertários (afinal conservadores) acabam de resuscitar a censura.
Há uma solução que não é execuível em três meses e que provavelmente só será possível depois dos resultados das próximas legislativas. Já aludi a alguns aspectos dessa solução nos comentários que fiz nos posts acima linkados (para quem quiser ir ler). Como este post já vai longo e o assunto até merece mais atenção, fica para a próxima.
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segunda-feira, 8 de junho de 2009
Portugal é isto?
Chamados a compôr uma delegação política de 22 representantes em Bruxelas, os portugueses escolheram:
15 Socialistas ou pró-socialistas;
5 Comunistas ou pró-comunistas;
2 Conservadores.
Hoje também vi o filme "o último samurai" em que a certa altura perguntam ao capitão Algren (desempenhado por Tom Cruise) porque razão é que ele odiava tanto o seu próprio povo.
Amanhã logo faço a digestão...
15 Socialistas ou pró-socialistas;
5 Comunistas ou pró-comunistas;
2 Conservadores.
Hoje também vi o filme "o último samurai" em que a certa altura perguntam ao capitão Algren (desempenhado por Tom Cruise) porque razão é que ele odiava tanto o seu próprio povo.
Amanhã logo faço a digestão...
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sexta-feira, 5 de junho de 2009
Frase da semana
Com o MEP, a inovação chegou à política. Ideias inovadoras para aumentar a despesa pública. Um bom partido para que os desiludidos do PS e do PSD possam continuar a votar no mesmo de sempre.
In Basfemias, por João Miranda
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